domingo, 9 de março de 2008

Obrigada pelo sorriso largo de cada manhã, onde os teus lábios rasgam a noite para anunciar a alvorada e as tuas pálpebras se espraiam sobre o mar dos teus olhos como ondas na areia, salpicos de um luar de prata que se escapa volátil ao nascer do sol, estilhaços de cinza na vertigem de um cigarro cremado com o fogo de duas línguas.

Obrigada pelo abraço morno que nos enlaça, chuva de beijos na espuma do banho deslizando como orvalho no Inverno das folhas, gotas de palavras que, como cordas, ancoram a voz ao peito e humedecem a saliva que em silêncio se desfaz.

Obrigada pela cadência dos dias tornados horas, segundos ciclónicos, rajadas de tempo que se esgotam na volúpia de corpos salgados, que de presos se perdem na liberdade da lava e se esvaem, evaporam, para enfim adormecerem vestidos de igual pele, longe do olhar indigente da solidão.